quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Eu-Alice: o 'meu' País das Maravilhas






5 meses sem postagens...
Ausência de tempo, de "saco"...
Presença de uma preguiça generalizada e certa apatia para o que me exigisse mais que 30 minutos de raciocínio!
Mas, eu SEMPRE volto...

Satisfações devidamente dadas, fechamos agora o 3º e último capítulo da série "Eu-Alice"

Capítulo III - O mundo da Rainha de Copas
Quando "da" é um substantivo de POSSE...

Cartas de baralho pintando flores brancas de vermelho...

- Por que? (claro que pergunto!)
- Porque a Rainha pediu que plantássemos rosas vermelhas e plantamos rosas brancas por engano - respondem-me soldados em forma de cartas de baralho (ou seriam cartas de baralho em forma de soldados?)
Eu os ajudo com a tarefa, mesmo sem concordar:
- Mas as flores brancas são tão lindas! Não poderá a Rainha gostar delas? - indago.
- Não! Ela jamais tolerará tal erro! Nos cortará a cabeça! - diz um deles com olhos carregados de tremor.

"Cortar a cabeça?"... Desta vez a pergunta limitou-se em meu pensamento!

Então, com pincéis nas mãos, ouço trombetas que anunciam a tal Rainha e o coelho branco, o qual persegui com tantos percalços, era quem a anunciava!
Minha escolha nada mais era que o precursor de uma Rainha maluca que acredita ser dona de tudo e todos.
Tudo era submetido aos seus caprichos: ELA dita as regras, ELA define os critérios e julgamentos e todo pensamento que vai de encontro a isso é condenado à decapitação. Dela, a Rainha, fui de "favorita" a "ré" em questão de minutos. As defesas se tornam frágeis dado o caráter imperativo: a lei É! Não admite contestação....

Refletindo a ironia e, ao mesmo tempo, a astúcia de Lewis Carroll: o naipe de "Copas" é simbolizado por um coração...
E o que a "Rainha de Copas" representa que não o capitalismo, que nada mais é que o "coração" do moderno mundo "globalizado"?

E o poder do que "se tem" em detrimento daquilo que "se é" determina quem você "deve ser". Se o padrão estético consiste em Rosas Vermelhas, não se pode ser Rosa Branca!
E tudo é encarado como no mais velho ditado:
"Manda quem pode e obedece quem tem juízo"
Não há nada que represente e sintetize tão bem os fatos...

A decapitação é o destino de quem é insubordinado, afinal, ele fugiu à "padronização".
E não interessa a multiplicidade de idéias, "tribos", culturas... O desejo de "ser diferente" também já se tornou lugar comum... virou "moda", tudo segue o tal padrão.
E se você não está dentro dela, meu amigo, você está fora... LITERALMENTE fora, pensar nisso deixa bem nítida a analogia da "decapitação".


E é tudo tão velado, tão subtendido... a percepção é mascarada com o mais eficaz de todos os instrumentos: a alienação!

Mas, olhando bem esse mundinho... as cartas de baralho nos representam com fidelidade tamanha a ponto de não conseguir imaginar outro objeto de comparação....
Somos apenas cartas de baralho!

Os "grandes jogadores", representados pela Rainha de Copas, sabem bem como apostar, manipular as cartas e ganhar!

Encerro, então, com meu convite...
Vamos abandonar o baralho?
Antes de aceitar, lembre da composição de
M. Nascimento e F. Brant, interpretada pela adorada Elis Regina: Você está
realmente disposta(o) a ser uma "MARIA, Maria"?(para os meninos, leia-se "JOÃO,
joão). Analise, pondere e.... se a resposta for "sim": BIENVENUE!!!!******

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